sábado, 4 de abril de 2009

Me preservem os olhos! Please!

Gosto muito das coisas novas, que facilitam a vida da gente... mas tenho uns limites meio quadrados. Câmera fotográfica é uma delas.

Vez por outra, vejo uma torrente humana munida de câmeras digitais de todos os tipos e potências, tirando fotos sem nenhum juízo, sem nenhum critério. Tirando fotos por tirar. Não estavam ali a passeio, estavam... congelando imagens.


"Ih, Bia! A câmera é deles, fazem dela o que quiserem!" Pois é. Aí aparecem aquelas pérolas das "gostosas do orkut" que a gente recebe por e-mail de vez em quando. É quando me lembro da câmera de mamãe, uma Mitsuka completamente manual, nem virar o filme sozinha ela vira! E eu só via sair cartão-postal daquela câmera... Era uma super-máquina? Que nada... eram os olhos de quem a usava que rezavam o milagre. Ela é de filme, não dá pra apagar fotos que não ficaram boas - então é melhor pensar antes de acionar o disparador!

A fotografia ficou mortalmente banalizada com o advento da câmera digital. As pessoas fazem poses, e fazem sorrisos falsos, e fazem aquele "v" ridículo com os dedos, e fazem beicinho... tudo igual. Tá todo mundo igual em todas as fotos. Cadê as fotos de momento? Daquela gargalhada que o amigo deu de uma piada? Das costas de um cachorrinho sentado olhando pra uma padaria? Do casal de bebês brincando na grama do parquinho, sob a luz dum sol vespertino?

CADÊ A SENSIBILIDADE???

Um giro rápido na internet, e tudo o que se encontra são auto-fotos narcisistas, bestas, ensaiadas, fazendo cara de mau com braço cruzado, ou de gostosa do Flamengo! Quê isso, gente! Virou p*taria isso aqui!


Não gosto mesmo. Foto sem critério é foto sem valor, sem sentimento (lógico, não estou falando de foto de reportagem). Porque depois, o coleguinha vem mostrar: "vem ver as fotos das minhas férias!" e eu vou ter que ver a tia gorda de maiô fazendo pose na cadeira de praia, o filho mais velho dela enterrando o mais novo na areia, o namorado da filha da amiga que foi junto bêbado às turras com um siri maria-farinha (não, isso seria engraçado de ver)... Ou aquela foto desfocada do elevador Lacerda, de metade de uma casa do pelourinho, ou do casal fazendo pose em frente a uma igreja de Tiradentes. Aquelas fotos que ninguém gosta de ver, só quem bateu. Aff, Deus me livre...

Se é só pra você, tá valendo. Agora, tá pretendendo mostrar pra todo mundo quando voltar? Não os torture, faça-os ter vontade de ver a próxima foto e não de sair correndo pra atender um telefone imaginário.

CRITÉRIO, gente, SENSIBILIDADE. Ou vendam a câmera.

Um comentário:

  1. É isso mesmo bia,
    Sensibilidade é que é a grande sacada,
    Agora tirar fotos só por tirar, tipo, cheio de caras e boas, ou com paisagens sem nenhum referencial tá por fora.
    Esse post me fez lembrar da boa e velha câmera Yashica da minha mãe, So saia foto f*da.
    Parecia que ela era profissional, e agora que as pessoas tem a vantagem de ver se a foto ficou boa instantaneamenta, acaba que só fazem fotos sem profundidade nenhuma.

    Abraço Bia. Parabéns pelo Blog
    Ah minha mãe adorou o post, e mandou um Parabéns.

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