sábado, 6 de fevereiro de 2010

Não existe “logomarca” - mas e daí?

Eu já tinha ouvido falar, mesmo, que a palavra “logomarca” é errada. Existem os símbolos (que é um sinal gráfico constituído de significados e associações), logotipos (palavras que recebem tratamento gráfico a fim de diferenciá-la das demais) e símbolos mistos (combinação de um símbolo e de um logotipo).

Mas e logomarca? É errado mesmo? De onde veio isso? Vou usar (adaptado) uma explicação que li num livro muito bacana, “O efeito multiplicador do design”, de Ana Luisa Escorel.

“Logomarca” é mais uma das tantas invenções brasileiras – vale lembrar essa mania cretina dos brasucas inventarem nomes para dar aos filhos, como Richarlysson, Rakelly e outras toneladas de aberrações. Provavelmente, a palavra “logomarca” veio para ficar no lugar de “símbolo misto”, termo muito mais técnico e bem menos simpático e prático (observação pessoal: na cabeça dos brasileiros, “marca” engloba tudo: nome da empresa, logotipia e símbolo visual). E até concordo! Mas é errado.

Exemplificando: logotipo = logos+typo. Logos é grego, e quer dizer palavra, ou então conhecimento. Já typos significa padrão, ou então grafia. Agora vamos combinar: palavra padrão, ou grafia da palavra. Estas são algumas combinações possíveis com estes dois verbetes gregos. Mas logo+marca? Seria palavra-marca? Conhecimento-marca? Não faz sentido. Além do mais, não existe tradução de “logomarca” para nenhum idioma (não, não se usa 'logomark' nos EUA, nem parecido).

Curioso é que, segundo a autora, cerca de dois terços das pessoas que têm algum tipo de ligação com comunicação usam a expressão 'logomarca' com a boca cheia! Mesmo tendo estudado através de publicações que sempre (e só) usam termos como logo, symbol e logotype, se acostumam rapidamente a usar esta invenção vazia de significado. TEORICAMENTE vazia. Porque na prática, todo mundo entende o que ela, a “logomarca”, quer dizer.

Além do mais, pensando bem... se a fuga do padrão é o que dá visibilidade a uma peça (sempre atentando ao uso do bom-senso), por que não usar dessa dose brasileira de criatividade? Fica aí um link para o próximo post: o medo do publicitário brasileiro em ser original (e fugir das teorias já formuladas).

2 comentários:

  1. Quando comecei a estudar design eu fiz a pergunta para um professor. Qual é o certo, logomarca ou logotipo?

    E durante muito tempo fiquei encafifada com a resposta simples e direta dele.

    Logomarca é como UIMBIGO.

    Sem muitas esplicações eu tirei minhas conclusoes.

    O termo LOGOMARCA realmente nao existe. O que existe é LOGO e MARCA duas palavras separadas.
    Atualmente temos muitos profissionais na área da comunicação que suam o termo LOGOMARCA (nossos professores por ex.) Alega-se que a palavra foi inseridacom o mesmo significado de LOGOTIPO. Mas eu nao concordo... Porque nao existe explicação plausivel para esse evento. Até sonoricamente ela e feia. Pra mim LOGOMARCA NAO EXISTE.

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  2. Assunto polêmico e interessante!

    Mas temos de ter cuidado quando dizemos que algo não existe. Se olharmos os principais dicionários da Língua Portuguesa, iremos encontrar a palavra Logomarca. Apesar de sua concepção morfológica ser redundante para muitos ou sem sentido para outros, no meio publicitário é realmente a mais utilizada para a definição da identidade gráfica de uma empresa ou produto. O Michaelis, por exemplo, diz que para a propaganda, logomarca significa "Desenho que simboliza e identifica graficamente uma empresa ou instituição, constituindo a sua representação formal". O pessoal do Design condena completamente, como diz a Ana Luisa Escorel. Mas na publicidade não é bem assim.

    Seria leviano de minha parte dizer de onde e como surgiu essa palavra. Também considero, de certa maneira, o termo redundante. Mas é difícil negar algo que já virou domínio-público. Basta olharmos nos principais meios de comunicação que tratam da propaganda no Brasil. E nos discursos dos principais empresários e profissionais que lidam com a propaganda também. E para essas pessoas "erradas" o termo logomarca é o que melhor representa a combinação de um símbolo com um logotipo, ou seja, a percepção visual da identidade de uma empresa.

    Se analisarmos que "logo" (olhando o dicionário) pode significar conhecimento ou estudo e "marca", o símbolo ou nome que serve para identificar mercadorias ou serviços - teríamos a seguinte definição: estudo da identidade ou identidade conhecida. Por esse ponto de vista, até arrisco em dizer que não é tão redundante assim. Vale a discussão!

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E aí?